Amazônia como microcosmo do Antropoceno
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Em função do papel que a Amazônia desempenha na regulação climática e hidrológica e na biodiversidade, o escalonamento da devastação da floresta desde 2019 vem provocando inquietação entre os especialistas e a esfera pública. A aceleração dessa devastação e as expectativas de futuro que ela estabelece tornam a região um “microcosmo do Antropoceno”, catalisando as transformações, dilemas e desafios desta nova época geológica caracterizada pelo impacto global da ação humana no planeta. As mudanças sem precedentes ocorridas na bacia amazônica nos últimos 70 anos estão ligadas à Grande Aceleração, conjunto de processos socioeconômicos e biogeoquímicos que caracteriza o início do Antropoceno. O objetivo deste projeto de pesquisa é analisar o papel da Amazônia na Grande Aceleração entre os anos de 1952 e 2002 a partir de três aspectos:

1) a história das redes cientificas nacionais e transnacionais dedicadas a compreender sua ecologia e papel na regulação climática e hidrológica e nos estudos de biodiversidade, com foco na cooperação de instituições brasileiras com instituições alemãs, francesas e estadunidenses;

2) as intervenções ambientais orientadas por projetos de exploração de recursos primários associados às demandas globais da Grande Aceleração e aos projetos desenvolvimentistas nacionais, sejam commodities agrícolas, minérios ou recursos energéticos;

3) o processo de globalização política por meio do qual a floresta amazônica tornou-se um ícone do movimento ambientalista internacional contemporâneo, figurando como sinônimo de floresta tropical e avatar do futuro da humanidade no planeta.

As ciências e a tecnologia perpassam esses três aspectos uma vez que conferem visibilidade e sentido às transformações que assinalam o impacto das ações antrópicas nas dinâmicas ecológicas. Embasam, modelam e legitimam os tropos do discurso ambientalista. Além disso, planejam e viabilizam as intervenções destinadas à exploração de recursos: alimentam as demandas das cadeias globais aquecidas pela industrialização e crescimento econômico; e atendem aos objetivos políticos e econômicos do Estado nacional brasileiro, engajado em integrar a região amazônica ao território nacional por meio de projetos inspirados pelo ideário do desenvolvimento. Também buscam antecipar os riscos e minorar os impactos ambientais das próprias intervenções modernizantes no bioma. Pretende-se, desta forma, sublinhar o papel ambivalente que as expertises, o conhecimento técnico-científico e as tecnologias desempenham nos processos do Antropoceno, reconhecendo a centralidade das ciências e da tecnologia na nova época geológica tanto na constituição de um estado de relações socionaturais, quanto como ferramenta epistêmica.

O período de análise do projeto – de 1952 a 2002 – corresponde às balizas da Grande Aceleração, ao auge da “era do desenvolvimento” no Brasil e no cenário global, e em grande parte sobrepõe-se à Guerra Fria, quando estruturou-se a pesquisa científica no modelo da Big Science. Por meio de grandes projetos transnacionais de cooperação científica, baseados em instrumentos, operações e metodologias de alta complexidade, desenvolveram-se as chamadas “Ciências do Sistema Terra”, no âmbito das quais as mudanças climáticas e o Antropoceno ganharam visibilidade. Este projeto tenciona investigar qual o lugar da região amazônica no desenvolvimento histórico desses saberes e práticas em um período em que ela passou por uma inflexão de sentido – de paisagem regional a ser ocupada, integrada e explorada pelos anseios de modernização do Estado brasileiro, tornou-se um bioma de relevância global.

O período de análise do projeto – de 1952 a 2002 – corresponde às balizas da Grande Aceleração, ao auge da “era do desenvolvimento” no Brasil e no cenário global, e em grande parte sobrepõe-se à Guerra Fria, quando estruturou-se a pesquisa científica no modelo da Big Science. Por meio de grandes projetos transnacionais de cooperação científica, baseados em instrumentos, operações e metodologias de alta complexidade, desenvolveram-se as chamadas “Ciências do Sistema Terra”, no âmbito das quais as mudanças climáticas e o Antropoceno ganharam visibilidade. Este projeto tenciona investigar qual o lugar da região amazônica no desenvolvimento histórico desses saberes e práticas em um período em que ela passou por uma inflexão de sentido – de paisagem regional a ser ocupada, integrada e explorada pelos anseios de modernização do Estado brasileiro, tornou-se um bioma de relevância global.

O projeto alinha-se aos objetivos deste edital, abordando temática que representa um dos principais desafios do debate socioecológico e político da contemporaneidade, que é o destino da região amazônica, seu papel nos processos regionais e globais do Antropoceno e no discurso da sustentabilidade. Nesse sentido, fortalece o engajamento da Casa de Oswaldo Cruz e da Fiocruz no debate sobre sustentabilidade, mudanças climáticas e sobre o lugar das ciências e da saúde na elaboração de políticas públicas e na discussão de projetos para o futuro do país, além de integrar-se aos objetivos da Cátedra Oswaldo Cruz da Unesco. Reúne equipe de instituições brasileiras e estrangeiras diversas, com pesquisadores e estudantes que possuem investimentos prévios de estudo relacionados aos temas que desenvolverão na pesquisa. Grande parte da equipe já possui parcerias desenvolvidas em projetos anteriores ou diálogos estabelecidos em encontros acadêmicos especializados e compõe grupo de pesquisa certificado pelo CNPq.

A proposta prevê a produção do conhecimento em história e divulgação em periódicos especializados, em livros acadêmicos e em encontros científicos, como também a realização de atividades de divulgação científica e de educação, tanto na web, como em museus e escolas. Contribui para a formação de recursos humanos especializados no campo da história das ciências e da história ambiental em nível de pós-graduação e graduação, mas também impacta na formação em nível escolar por meio de atividades de educação ambiental concernentes à Amazônia e ao Antropoceno na perspectiva da história e das humanidades ambientais.