O Observatório do Antropocénico foi criado pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior em 2021, no âmbito do Fórum do Antropocénico, um dos eventos organizados sob Presidência Portuguesa do Conselho Europeu. O Fórum do Antropocénico foi desenhado por investigadores do CIUHCT – Centro Interuniversitário de História da Ciência e da Tecnologia e organizado em conjunto com a Fundação/Museu do Côa. O seu programa teve como objectivo lançar uma discussão transdisciplinar sobre o mundo contemporâneo usando as novas lentes disponibilizadas pelo conceito de Antropocénico. Incluiu académicos de várias áreas científicas (geologia, estudos de média, filosofia e filosofia da ciência e tecnologia, história e história da ciência e tecnologia, arqueologia, biologia, engenharia, arquitectura, património), ativistas, representantes de ONGs e artistas, tendo como alvos a academia, a sociedade civil e a comunidade educativa.
A concepção do Observatório do Antropocénico beneficiou da forte colaboração que o grupo do CIUHCT sobre o Antropocénico mantém, desde 2014, com o Max Planck Institute for the History of Science (MPIWG) e a Haus der Kulturen der Welt (HKW), ambos em Berlim, no contexto do projecto Antrhopocene Curriculum.
O Observatório do Antropocénico acolhe e incentiva iniciativas de todas as áreas do conhecimento que abordem as múltiplas narrativas do Antropocénico, explorando o entrelaçamento das suas histórias (evidências geológicas, significas sociais, culturais, históricos, políticos e económicos em diferentes regiões do mundo). Neste contexto, pretende-se fomentar e fortalecer a investigação conjunta com países de língua portuguesa e castelhana através da rede Antropocénico e Sul Global, uma das iniciativas complementares do Observatório do Antropocénico.
Bruno Navarro era Presidente da Fundação/Museu do Côa na altura em que a ideia de formar o Observatório do Antropocénico tomou forma. Era um membro entusiasta do grupo do CIUHCT sobre o Antropocénico e via o observatório como parte da paisagem humana e natural do Vale do Côa, como um complemento quer às famosas gravuras rupestres e habitats pré-históricos do Côa, quer à “Batalha do Côa”, um conhecido e bem sucedido episódio de resistência popular à decisão corporativa e governamental de construir uma barragem que submergiria as gravuras pré-históricas e afetaria os padrões agrícolas tradicionais.
O Bruno faleceu inesperada e injustamente no início de 2021. O Observatório do Antropocénico é uma homenagem à sua brilhante carreira como historiador da tecnologia.